[Escolhidas] Cap. 04 - Contrato

- Eu entro com você. – Fury disse sem deixar margem para negação.

- Eu entro sozinho. Tenho perguntas a fazer. – Justice tentou explicar. Ele não queria cumplices enquanto acusasse Kim das coisas horríveis que sofreu.

- Entro contigo. Essas meninas precisam de abrigo. São crianças, estão com medo. Basta cheirar. – Fury disse o parando no corredor, Tiger estava do outro lado parecendo querer falar contra e Slade chegava neste momento com Shadow, Brass e Breeze.

- Não interessa, são… são filhas daquele cientista! Aqui elas não ficam!

- Pensei que jamais negaria abrigo aos nossos. – Brass disse confuso e parecendo decepcionado. Os ombros de Justice cedem, os homens estavam tornando tudo mais difícil.

- Você tem que dar abrigo a elas. – Breeze disse urgentemente, todos focaram atenção nela. – Elas estão correndo riscos e são diferentes, mas ainda são NE.

- Explique. – Mandou Brawn chegando com Jaded e Cedar.

- Jessica, Kimberly e Tiffany foram concebidas. Como humanas, quero dizer, só Tiffany que não estou certa, mas Kim e Jess eu sei que foram assim. – Breeze disse sem querer revelar muito ou Jessica ficaria chateada. - A Mãe de Kim morreu para dar-lhe um pulmão bom, mas ele não era compatível. Ela morreu em vão. O pai dela mantinha uma das nossas, uma fêmea pequena em casa. Jessica me garantiu que a fêmea jamais foi forçada a algo. Eles se apaixonaram, ela teve Tiffany. Eu não acreditava a princípio, mas delas, Tiffany é a mais próxima de nós. Há algo no sangue delas. Talvez se estudássemos…

- Está falando como um cientista asqueroso. – Tiger disse recusando a oferta. – Já pensou que elas podem recusar?

- Podemos perguntar. Não estou falando de fazer experiências, mas Kim às vezes foi com o pai na minha cela, ela era uma coisinha pequenininha, curiosa, bonitinha…

- Será que dá pra concentrar? – Fury disse rindo, a mulher revirou os olhos.

- Era fofinha, e não mudou quase nada. Estou dizendo que elas merecem uma chance, foi colocado no sangue delas igual foi colocado no das nossas pequenas fêmeas. E nenhum de nós sabe se fomos modificados antes ou depois de nascermos. Você tem que considerar que nós temos perguntas, Justice. E que elas são nosso sangue, vieram aqui pra lhe dar um bebê completamente espécie!

- Como sabe disso? – Brass perguntou curioso. – Eu não sabia.

Breeze engoliu audivelmente, falara demais.

- Tenho contato com Kim, ela não sabia que era eu. Eu… eu usava um nome diferente.

- Porque? – Justice perguntou sério.

- Porque me preocupava com sua saúde a princípio. Ela sabia que eu era um NE, mas não perguntou mais sobre isso quando confirmei. Ela afirmou e eu confirmei. – Disse antes que Brawn perguntasse. – Não me sentia em perigo, nos falamos no telefone às vezes. Ela é boa menina, Justice. Mas foram perseguidas, estão com medo e são só crianças. Crianças com respostas, mas ainda assim crianças.

- Concordo sobre dar um teto pra elas. As quatro. – Brawn veio em favor de Breeze e Bestial confirmou.

Justice suspirou, sabia o que devia fazer, mesmo assim ainda era difícil.

- Tudo bem, mas falo com ela sozinho.

- De jeito nenhum. – Fury discordou e Justice rosnou. – Tá vendo? Você parece meio louco, começou a parecer meio doido depois que viu ela. Não vou deixar vocês sozinhos.

- Não me diga o que fazer.

- Eu vou dizer sim. – Fury voltou a discordar. – Sou seu amigo, mas ainda não sou louco a ponto de deixar você massacrar a coitada. Vamos.

Jessica viu Breeze voltar com a maior parte dos homens, apenas os conselheiros entraram e vincou a testa. Breeze tinha falado demais, despertado dúvidas e não queriam isso. Não queriam nem um teto, queriam apenas uma vida para Mel.

- Breeze. – Ela chamou séria e a morena lhe dirigiu um olhar hesitante. – Porque disse tudo aquilo? Só queremos que Mel fique, nós não!

- Vocês não podem voltar pro mundo de vocês. – Tiger disse sarcástico. – Morreriam.

- Não que isso seja da sua conta, loirinho. – Jessica soltou ácida. – Eu te pedi tanto para não dizer nada como o que disse. Porque tinha que falar da mamãe?

- Eu sei. Mas Tiger está certo e precisamos de respostas, não sabemos como esse bebê foi gerado e precisamos saber.

- Foi natural. – Tiffany respondeu ninando o bebê. – Eles fizeram sexo e a mãe apresentou sintomas de uma gripe leve, a medicaram e acharam que tinha pego alguma virose que se multou. Papai foi mais longe e fez todo o tipo de exames possíveis e descobriu que ela estava grávida. Achamos que o pai do bebê já sabia, ele tipo, segundo o que disseram ao papai, enlouqueceu assim que ela foi tirada dele. Ele meio que já tava mais pra lá do que pra cá… - Ela comentou num tom monótono, evitando os olhares. – Depois disso, papai disse que ela tinha uma virose e que não ia se curar. Que ia mata-la, uma espécie de câncer entre os seus. É mentira. – Ela afirmou finalmente os olhando. – Mas sabíamos que a Mel precisava sair daquele inferno antes de nascer. Quando eles roubaram a Kim e a Jess, papai ficou quase louco. Ele não parava de gritar com a nossa equipe de busca e conosco em casa. Ele não queria que isso acontecesse com um bebezinho.

- Papai não era ruim, só estava desesperado. – Jessica encerrou o assunto.

No quarto, Kim não sabia onde se escondia. Esperava que só Justice viesse vê-la, mas ao invés disso, cinco grandes homens, armados até os dentes a olhavam.

Ela sentiu todos os instintos gritarem para cair fora, mas sabia que era irracional de sua parte e ela não era uma fraca.

- Bom… - Começou olhando pra parede, sem fixar o olhar em ninguém. – Eu pensei que falaríamos a sós, senhor North.

- Já quer regalias? – Ele rosnou e Fury sussurrou um “Mantenha a calma”, mas Justice queria acabar com a menina pelos crimes de seu pai.

- Não! – Ela disse mais alto e soltou a coberta que segurava com força. – Eu… eu… pensou na Mel?

- Não há o que pensar. Ela fica. – Ele disse sério. Kim respirou fundo mais aliviada.

- E os documentos? Conseguiram tudo?

- O carro foi um pouco saqueado. – Brawn informou. – Mas temos a maior parte.

- Mau sinal. – Kim sussurrou, cogitando como consegui-los de volta em silencio.

- Hey! – Alguém estralou dois dedos na sua frente e ela voltou.

- Sim? Desculpe, estava aérea.

- Porque é mau sinal? – Cedar questionou-a e ela engoliu escolhendo as palavras.

- Há informações, dados sobre vocês. Não estão escritos na sua língua, mas em coreano tradicional, isso dificulta, mas não impossibilita de lerem. Se encontrar esses documentos, estarão a salvo.

- A salvo do quê?

- Da Mércile, é obvio. Conseguirão policiais pra prender até os bisnetos dos caras que fizeram mau a vocês. Lá tem nomes, assinaturas, informações sobre vocês, sobre mulheres suas que ainda estão sumidas, um monte de coisas.

- Vocês tem locais de mulheres nossas? – Jaded rosnou. – Porque não rece…

- Nós ligamos várias vezes e dissemos, mas sua secretária não acreditava. Eu… eu denunciei o local onde estava a primata pequena. Eu não sei como ela se chama agora, mas ela era mais ou menos do meu tamanho, pele morena clara, os olhos bem redondinhos e castanhos. Super linda e não era tímida. Eu fui educada em parte, com ela. O seu algoz era meu padrinho. – Kim conta com asco em sua voz. – Quando descobri que ele fazia aquilo, contei pra minha mãe e ela me mandou pra uma clínica. Disse que eu estava louca.

- É mentira. – Fury acusou. – Sabemos que sua mãe morreu pra te dar pulmões.

- Sim, minha mãe biológica. – Kim explicou: - Meu pai casou-se de novo, a mãe da Jessica era empregada na minha casa. Ela era uma cretina na verdade. Ficou amargurada porque papai mostrava mais dedicação e amor pra uma mulher da sua espécie do que uma da minha. – Ela terminou com a voz baixa. – Mamãe pirou quando o papai quis assumir a Fany, mas papai não deixou ela falar nada. A fez assinar até a certidão. Sabia que pode-se comprar certidões na Britânia?

- Sua mãe adotiva te mandou pra uma clínica então. – Fury constatou, não que fosse preciso. – E depois?

Kim fez menção de falar algumas vezes, até sua voz sair. Era uma época que jurou jamais falar novamente, mas estava ali, tentando por Mel e pela segurança de suas irmãs. Ia tentar um lugar para elas, sabia que Justice a odiava, mas ele nem imaginaria que ela sofreu o pior…

- Se é difícil, você pode falar devagar. – Brawn incentivou.

- Não a ajude, ela é tão ruim quanto o pai. – Justice rosnou as palavras. Aquilo doeu em Kim. Ele jamais saberia, jamais!

- Não somos ruins. Meu pai estava desesperado. Minha mãe estava dilacerada, com medo que eu morresse. Eu nasci com um pulmão e um coração defeituosos. Sabe como são feitos transplantes de pulmão e coração?

- Como? – Justice perguntou olhando-a, analisando cada coisa que ela dizia.

- Você morre.

TO BE CONTINUED…

Esse foi maior né? XD

Que acharam? Vejo vocês semana que vem!

 

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