Tic, toc.
Tic, toc. Tic, toc.
O som do relógio parecia estar em “ctrl+c e ctrl+v”, porque era a única
coisa que ela ouvia, além de seu próprio coração.
Leah olhava atentamente pela janela, como se esperasse que irrompesse a
resposta das árvores que balançavam forte com o vento da noite. Não demorou
muito e Grady entrou no quarto silenciosamente.
‒ Quer comer? O jantar vai ser servido em minutos.
Eles não haviam se falado muito depois da novidade. Ela fechou-se para seu próprio mundo e concepções, e,
quando ele percebeu que ela não ia soltar nada até que estivesse pronta,
simplesmente ficou ao seu lado. Isso até quatro horas atrás, quando Elroy
chamou os filhos e os conselheiros para uma súbita reunião. E claro, Megan.
Fechou os olhos ao lembrar o sorriso presunçoso da outra. A raiva consumia seu interior cada vez que lembrava da forma
como ela segurou o braço de Grady, quase possessivamente, esfregando em sua
cara o que estava nas entrelinhas.
Ele jamais seria dela se continuasse dividindo-o com Megan e o bando.
Porém, ela não podia tirar o bando dele, era a coisa que ele mais presava, pelo
que ela sabia. Não estava decidida a sair do campo de batalha contra Megan, mas
não sabia o que fazer. A garota estava tirando a pouca tranquilidade que Leah
conseguia manter e ocupou seus pensamentos da forma mais sórdida que pode. O
ciúmes queimava dentro dela, correndo livremente por suas veias.
‒ Já acabou? – Ela sussurrou e por um momento, Grady ficou confuso se
era apenas da reunião a que ela se referia.
‒ A reunião? Sim.
‒ Hum.
‒ Quer conversar?
‒ Quero ir para casa.
Ele não saberia dizer se esse “casa” significava algo mais que a
construção em que se apaixonaram.
‒ Boas notícias então. – Ele tentou soar otimista, enquanto se
aproximava da namorada. – Vamos para casa amanhã. – Ele a abraçou e ficou
contrariado quando ela não deitou a cabeça em seu peito, como sempre.
‒ Amanhã? Por que não hoje? – Ela virou-se para ele, ficando de frente e
olhando os olhos escuros do qual ela tanto gostava.
‒ Porque… bem, os executores querem ter certeza de que está tudo seguro.
– Ele deu-lhe um sorriso, mas estava hesitante. Havia algo nos olhos dela que
Grady era incapaz de compreender, como uma grande nuvem nublando um dia de sol.
‒ Hum. – Ele bufou ao ouvir a resposta e foi demais para seu controle.
Rosnou as palavras:
‒ O que houve? Isso é uma atitude contra o meu pai? Porque ele é um bom
homem e companheiro. – Terminou um pouco mais calmo, porém certo de que
precisava tirar qualquer dúvida que Lee tivesse em sua mente, sobre seu pai.
‒ Não.
‒ Não, o quê? – Perguntou franzindo as sobrancelhas. As palavras com
dois sentidos estavam acabando com ele.
‒ Não é contra seu pai.
‒ É sobre o quê, então? – Ele a questionou, sem conseguir entender.
‒ Nada demais.
Ele não conseguiu lidar com isso. A soltou repentinamente, indo para
longe e ficando de costas para ela, encarando a cama em que fizeram amor mais
cedo. Ela não queria dizer e ele não a obrigaria, mas machucava seu orgulho que
ela não confiasse nele o suficiente para compartilhar segredos.
‒ Grady? – Ela chamou-o, mas ele continuava de costas, sem dizer uma
palavra. – Querido, está tudo bem?
Quando ele não respondeu, ela foi até ele, mas o mesmo não olhava em seu
rosto mais que dois segundos. Ela sentiu-se traída, como da primeira vez…
‒ O que está acontecendo com você? – Questionou com urgência. Sam
continuava fugindo de suas perguntas invasivas, como se ele fosse outro
completamente diferente. – Onde esteve, Sam? Eu tenho o direito de saber!
‒ Por aí.
Ela gritou com raiva, mas no segundo seguinte, ele já estava saindo pela
porta da sala da casa de seus pais, Harry e Sue. Leah caiu sobre seus joelhos,
chorando e lamentando que Samuel Uley fosse seu noivo, mas mais profundamente
ainda, que o amasse tanto, ou já teria terminado essa tortura que estava seu
noivado desde que ele voltara com 1001 segredos dos quais ela nem sequer fazia
ideia.
Só sabia de uma coisa, supunha na realidade: Jared sabia. E o pior, seu
pai também.
‒ O que foi?
‒ O que há com você? – Ele rosnou a pergunta. Sua voz estava tão
alterada que mal conseguia discernir o que ele estava dizendo. – Eu não te
reconheço, por que está assim, Leah?
Ele a chamar pelo nome completo ao invés de “Querida”, “Baby” ou
simplesmente “Lee”, marcou o momento em sua mente e a enfureceu. Não havia
feito nada demais para que ele estivesse agindo dessa forma.
‒ O que diabos há com você? – Ela devolveu a pergunta. – O que foi que
eu fiz agora?
‒ Por que está escondendo algo de mim? Somos um casal, pensei que
confiava em mim.
‒ Eu confio.
‒ Então o que há?
‒ Por que não terminou com a Megan?
‒ Por que, o quê?
‒ Por que não terminou com ela, Grady?
‒ De que raios você está falando?
‒ Da sua relação mais do que amigável com aquela lá! – Ela esbravejou.
‒ Espera… o que? – Grady questionou tomando uma respiração. Ele piscou e
quando falou novamente, sua voz estava normal novamente. – Está falando da
Megan? Está realmente irritada por causa dela? Somos amigos.
‒ Amigos que já namoraram.
‒ Não estou com ela agora.
‒ Quem me garante?
‒ Eu te garanto.
‒ Eu não acredito em você.
Aquilo doeu no orgulho dele e doeu para ela dizer aquelas palavras, mas
era melhor do que continuar se enganando. Ele precisava escolher e Leah estava
disposta a dizer as palavras.
‒ Por que isso agora?
‒ Por que não?
‒ Lee… eu amo você.
A declaração a deixou sem palavras. Ela já sabia disso, ele já
dissera-lhe algumas vezes, mas a sinceridade com que ele falava, o tom baixo,
os olhos brilhantes e magoados, eles pareciam dizer-lhe exatamente o que ela já
sabia. Leah suspirou assentindo afirmativamente com a cabeça.
‒ Eu sei, mas ela…
‒ Ela é apenas uma colega de bando, querida. Eu amo você, nunca duvide
disso.
Grady aproveitou o momento pequeno em que ela não retrucou e caminhou em
sua direção a prendendo entre seus braços. Leah endureceu com o contato, sentia
como se ele estivesse escapando-lhe antes mesmo que começassem algo de verdade.
Não tinham nem mesmo um relacionamento além do sexo furtivo – e muito bom ‒.
‒ Eu não conheço você. – Ela disse alto o suficiente para ele pegar o
tom irritado. – Não sei nada de você.
‒ O que quer saber?
‒ Não é o que quer saber, Grady. Como acha que podemos dar certo se tudo
o que temos é química no sexo?
‒ Acha que é só isso? – Ele perguntou segurando os braços dela com mãos
duras, embora não a machucasse fisicamente, apenas seu orgulho. – Acha que não
temos nada?
‒ O que temos então? – Ele não
respondeu, embora tenha a soltado e dado um passo para atrás. – Não sei quem
são seus amigos, apenas que não se dá bem com sua madrasta e que é,
provavelmente, o próximo líder do bando. Um bando que eu ainda não conheço, por
sinal.
‒ Esse é o problema? Conhecer meus amigos?
‒ Temos muitos problemas, Grady, mas sim, este é um deles.
‒ Pois bem, quando todos voltarem vou te apresentar a eles.
‒ E sobre Megan?
‒ O que tem?
‒ Precisa ficar tão perto dela? – Leah vociferou e Grady riu baixo
ganhando um olhar fulminante dela. – Qual a graça?
‒ Ciumenta!
[…]
Leah relaxou no instante em que soube que voltariam para casa. Estava
penteando os cabelos molhados do banho e ouvia Grady falar com Rave no quarto
sobre Parker estar irado com Von. Ela olhou para o espelho, achando irritante
os ruídos em seu ouvido, eles vinham a incomodando desde essa manhã e a faziam ter
vontade de ir para a floresta.
Fechou os olhos, cansada. Esse sentimento vinha se repetindo muito nos
últimos dias. Estava tão preocupada com sua mãe que até se esqueceu das
pequenas mudanças que vinham ocorrendo em seu corpo e instintos. Estava tudo
mil vezes pior do que quando transformou-se da primeira vez, anos antes.
Sentiu uma dor fina nas pontas de seus dedos das mãos e dos pés. Abriu
os olhos e sufocou um grito ao deparar-se com as garras nas mãos e nos pés
descalços. Respirou fundo na medida em que a porta era aberta com brutalidade
por Grady.
Agradeceu aos céus que não tinha trancado, mas apenas a encostado. Ele
segurou suas mãos e olhou para o sangue escorrendo pelas garras. O ferimento
tornaria-se comum a partir de agora, já que ela estava se transformando
novamente e claro que a descolagem e crescimento acelerado das unhas lhe
causaria essa sensação desconfortável. Quase como cólicas no lugar errado.
‒ Tudo bem, querida?
‒ Sim. – O olhou assustada para o tom rouco de sua voz, pouco feminino
com o rosnado.
‒ Relaxe. – Ele pediu fazendo carinho nos braços dela e gradualmente,
conforme ela respirava lentamente e era acalmada por Grady, as garras voltaram
a tornar-se unhas. Não foi indolor.
‒ Eu sujei o chão. – Leah lamentou com um bico, olhando as gotas de seu
sangue no chão branco.
‒ Eu limpo. Apenas relaxe, amor. ‒ Ela o encarou feio e ele sorriu. ‒ O
que foi?
‒ Amor é tão anos 40.
‒ Sério isso? – Ele questionou rindo. – Acho que prefere… hum… ciumenta?
– Grady alfinetou-a e ela deu-lhe um olhar sujo.
‒ Ciumenta,
eu? Se enxerga, cara!
‒ Ciumentinha. – Ele disse no pé do ouvido dela rindo e a puxando para
um beijo. – Minha ciumenta.
‒ Chato! – Ela exclamou antes que ele calasse-lhe a boca.
Beijá-lo parecia ainda melhor do que da primeira vez.
Continua!
Nota da autora: Aish~~
demorou pra kc* , mas chegou! Tentei trazer algo bonitinho, mas precisava desse
“diálogo”, então espero que tenham gostado!
ATENÇÃO: Por algum motivo vindo do inferno, não consegui deixar na formatação de sempre ;-; sorry :'(
Beijinhos~~
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