Capítulo
02 – Missão
Ino
bocejou sentindo um calor estranho, mas ainda assim gostoso envolve-la. Além de
claro, do calor escaldante de Suna. Demorou alguns segundos até que ela se lembrasse
onde estava. Sentou rapidamente e encarou Gaara que a olhava sem entender.
─
Gaara? – Ino perguntou minutos depois. Ele continuou quieto, mas ela sabia pela
sua habilidade em observação que ele não estava chocado. Acatou o silêncio como
a resposta que queria tanto e que machucava menos. Ele a amava.
Ou pelo menos gosta
bastante de mim para me abraçar desse jeito. Completou em
seus pensamentos, deixando a informação nova afundar em si mesma, deitando-se
no peito dele novamente e fechou os olhos para uma soneca de tarde tranquila
nos braços do homem que amava.
Oito
meses depois…
Voltar
para Konoha foi de longe a parte mais difícil. Ela não queria ir, mas tinha. Não
podia ficar para sempre em Suna, tinha obrigações e seu pai precisava dela na
floricultura.
A
notícia de seu envolvimento com o Kage tinha virado uma bomba catastrófica. Andar
pelas ruas de Suna sozinha nem pensar, não de dia para ver todas aquelas
mocinhas a olharem irritadas.
Destrancou
a porta da floricultura espantando os pensamentos rancorosos e cheios de
saudades. Queria tanto ouvir Gaara, falar com ele… beijá-lo, mas seu pai fora
enfático: não poderia se comunicar com ele dessa forma. Apenas por cartas. Era mais
respeitoso e ela sabia que seu pai não era o melhor partidário de seu
envolvimento com o homem.
Ela
também não queria pensar no que as pessoas da vila cochichavam antes e depois
de entrar em sua floricultura. Haviam os meio termos, como os Akimichi, sempre
tão próximos e amigos. Chouji mostrara-se um grande homem depois de tudo, Ino não
sabia do tamanho de sua compreensão até vê-lo proteger sua fama já abalada enquanto
comiam um lámen.
─
Já em casa? – Seu pai não soou surpreso, mas reprovador.
─
Missão. – Ela respondeu, subindo ao quarto e pegando o pergaminho. Temari fora
enfática:
Entregue pouco depois
da soneca dele. Às 17:40 ele vai estar voltando para casa. Diga-lhe que é meu e
que não deve mostrar a ninguém, nem mesmo a vocês. É importante. Desculpe o
mistério, mas é muito importante e é assunto de Suna que apenas ele pode
resolver.
─
Que missão? – O pai questionou e ao descer ela o viu conversando com seus dois
melhores amigos: Shikaku e Chomaru.
─
Pai, é uma missão interna de Suna. Não posso entrar em detalhes e você sabe
disso. – Respondeu seca e fechou o casaco roxo.
─
Algum problema? – Chomaru perguntou observando o selo no pergaminho, nas mãos
de Ino.
─
Tem o remetente da minha família. – Shikaku disse estendendo a mão.
─
É para o Shikamaru. – Ela respondeu, despedindo-se e saindo de casa.
Não
foi realmente difícil encontrar o amigo. Estava curiosa, mas entendia que se
Temari pediu a ela, é porque coisa boa não devia ser. Ela não era de confiar
assuntos internos à Ino, mesmo sendo amigas. Não era algo que alguém em seu
poder faria, seria irresponsável.
Ino
estendeu o pergaminho, ainda pensando se poderia mesmo haver um ataque, como os
Sabaku estavam esperando. Este foi assunto de cada uma das refeições por lá,
todas tensas. Eles achavam inevitável, ela achava possível, mas não inevitável.
Gaara é um bom líder. Lembrou-se
de suas palavras e suspirou, observando a face de Shikamaru ficar dura e numa
cor mais avermelhada enquanto lia.
─
Que houve? – Perguntou preocupada. Ele a olhou ponderando.
─
A premissa de um ataque. – Shikamaru suspirou. – Está sob controle agora, mas
Temari diz que virá apenas alguns dias antes do torneio, precisam de ajuda para
ordenar os novos alunos e cuidar dos feridos. Requisitaram alguns dos nossos
ninjas.
─
Porque ninguém me chamou? Se tem feridos…
─
Por causa do seu envolvimento com Gaara. Seria uma imagem ruim. Leia. – Ele entregou-lhe
o pergaminho e ela viu a letra rabiscada de Temari.
─
Parece um homem escrevendo, credo!
─
Leia! – Shikamaru mandou rindo.
Shikamaru estamos em
problemas. Estamos mesmo em problemas. Houveram dois atentados à membros do
conselho do lado verde do partido. Gaara está ficando preocupado com minha
segurança, mas não posso ir para Konoha agora. Há muita desordem e a minha
ajuda aqui é necessária, vou chegar uns dois dias antes do torneio, cuide de
tudo ok? Mesmo de sempre, você dá conta. Deixe a preguiça de lado.
Ino
riu, mas a risada morreu ao ler as próximas palavras:
Além disso, Kankurou
foi gravemente ferido e não foi o único. Eles queriam uma distração, atacando
três dos nossos quatro portões ao mesmo tempo. Felizmente Baki e alguns dos
meninos conseguiram conter os invasores. São ninjas renegados.
Precisamos de
mão-de-obra de Konoha, mas não mande Ino. Eu a amo com todo o meu coração de
irmã, mas Gaara a ama mais. Ele não quer pô-la em risco e nós todos sabemos que
a imagem agora é a nossa arma mais poderosa. Dar o que falar para os
conservadores não vai ser uma boa coisa se precisamos que liberem seus ninjas
internos, presos nos clãs, para lutar, se for necessário.
Preciso que repasse a
informação ao Hokage e veja se tem como nos ceder 15 de seus melhores chunnins.
Com carinho, Temari.
─
Será que ele está bem? – Ino perguntou preocupada.
─
Kankurou?
─
Não, Gaara! É claro que é o Kankurou! – Disse com ironia e viu Chouji chegando
comendo suas batatinhas favoritas.
─
Problemas? – Ele perguntou ao ver os rostos tensos dos amigos.
─
Em Suna. Não podemos te dizer. – Shikamaru disse e Chouji assentiu.
─
Algo que eu possa ajudar? Talvez… voltar depois?
─
Já acabamos aqui. – Ino respondeu e devolveu o pergaminho para Shikamaru.
─
Ele não te disse da revolta?
─
Que revolta? – Ino perguntou e bufou. – Não, ele não me diz nada dessas coisas.
É assunto de Suna, Shikamaru! E eu não sou de lá, ok? – Ele relevou, mas ela não
quis admitir que Gaara realmente não confiava nela tanto assim.
Será que ele não me ama
o suficiente? Tentou ignorar o pensamento e
lembrando-se que devia passar no hospital para pegar o exame que fizera semanas
atrás, despediu-se dos amigos e seguiu no caminho menos movimentado para o
centro médico de Konoha.
Havia
três semanas desde que voltara de Suna pela ultima vez, mas dessa vez fora
diferente. Ela sabia que era irresponsável não proteger-se, mas quando
lembrava-se, puff! Já tinha ido.
Dessa
vez ela estava realmente preocupada que o alarme falso de gravidez não fosse
tão falso assim. Da outra vez havia passado com alguns dias, dessa não. Ela continuava
se sentindo como merda. Absolutamente doente e desanimada. As novidades também não
ajudavam nada.
Não
disse qualquer coisa sobre isso a Gaara desta vez. Ele tinha ficado
estupidamente calmo da ultima e Ino não queria brigar de novo.
Passou
por Yoshino no caminho e a viu analisa-la. Brecou em seu caminho, porque
Yoshino estava analisando-a de novo? Parecia que não podia passar em seu
caminho que ela ficava a encarando!
─
Madrinha, que houve? Porque fica só me encarando? – Perguntou muito fula.
─
Você está grávida. – Yoshino disse baixo. – Tenho certeza.
Ino
perdeu a voz. Queria negar ou pelo menos dizer que não tinha certeza, mas a voz
simplesmente não saía, o que não foi problema, pois a mulher começou a falar
novamente:
─
De qualquer forma, um bebê é uma dádiva e este é dádiva em dobro, um filho de
Konoha e Suna, nada melhor para uma união definitiva. – Ela suspirou e
aproximou-se de Ino. A afilhada a encarou desconfiada.
─
Que foi?
─
Sabe que é como uma filha para mim, não sabe?
─
Sei…
─
Qualquer coisa que precisar, diga-me. Conselhos são sempre bons e não demore a
contar para Gaara.
─
Tá.
─
Ele é um homem de negócios, precisa se preparar para protegê-los se for
necessário.
─
Necessário?
─
Não sou boba, querida. Sei que aquelas reuniões do Shikamaru com o pai tem mais
do que um joguinho e eu conheço a minha nora. Temari têm estado mais tensa do
que de costume. Coisa boa com certeza não é. Tome cuidado.
─
Certo. Eu vou… ─ Ino disse se afastando assim que viu Sakura ao longe,
balançando um envelope amarelo com o símbolo da vila em preto, no centro.
─
Ok, te vejo depois. Apareça para jantar qualquer dia! – Yoshino acenou seguindo
pelo corredor, lado contrário de Ino.
─
Então?
─
Vitaminas.
─
Ahn? – Ino perguntou sem entender e Sakura deu-lhe um sorriso brilhante.
─
Positivo.
─
Oh, não!
─
Oh… não? – Sakura perguntou parecendo ligeiramente preocupada. A cor fugiu-lhe
do rosto e ela correu ao banheiro que era ali perto.
Ino
cruzou os braços, esperando a amiga, recostada na parede e tentando aceitar a
novidade rapidamente. Grávida. Oh não. Sakura
saiu minutos depois e parecia um pouco melhor. Ela sorriu amarelo.
─
O que quis dizer com “oh não”? – Sakura perguntou preocupada. – Não vai fazer
nenhuma loucura, né?
─
Nunca pensaria em nada assim. – Ino disse ultrajada. – Só me pegou de surpresa.
─
Almoço? – Sakura perguntou mudando não tão sutilmente de assunto.
─
Almoço. – Ino concordou e as duas foram caminhando para o Ichiraku, enquanto
Sakura dava instruções para Ino.
─
Isso é sério, você tem que se… aquele é o Sasuke? – Sakura perguntou suspirando
feliz. Ino girou os olhos e riu da cena.
Naruto
estava obviamente competindo com Sasuke qualquer coisa, ele dizia algo muito
convencido e Sasuke fingia que escutava enquanto Hinata, que estava entre os
dois, tinha um tom muito berrante de vermelho nas bochechas.
─
Ei, Sakura-chan! Aqui! – Naruto gritou acenando. Hinata sorriu e sussurrou algo
que elas não foram capazes de ouvir.
─
Pare de gritar, baka! – Sasuke comentou irritado e Naruto o fuzilou. Ele devolveu
o cumprimento.
─
Eu disse a Naruto-kun que iriamos chama-las, mas ele fez isso antes. – Hinata disse
baixinho, enquanto as duas se sentavam.
─
Estivemos pensando… ─ Sakura começou hesitante e olhou para os outros três. –
Queremos que Ino e Naruto sejam os padrinhos. Ela é minha melhor amiga e Naruto
é o melhor amigo do Sasuke.
─
Um irmão. – Sasuke concordou baixinho e suspirou. – Se botar essa mania de
gritar no meu filho te capo, entendeu?
─
Naruto-kun? – Hinata perguntou, mas Naruto continuava cabisbaixo.
Ele
fungou alto e abraçou Sasuke chorando copiosamente, prometendo ser o melhor
padrinho de todos os tempos.
─
Cada doido com sua mania… ─ Ino disse sorrindo e assentiu para Sakura, que
parecia ansiosa. – Eu aceito, fazer o que né?
─
Ino-porquinha!
─
Sakura-testuda! Espero que ele ou ela não nasça com tua testa, senão tá
ferrado.
─
Ino!!! – Sakura rosnou enquanto Ino gargalhava.
─
Solta, solta! Eu ein! – Sasuke empurrou Naruto que parecia muito feliz.
─
Hinata-chan!
─
O quê, Naruto-kun? – Hinata perguntou docemente sorrindo para o rosto ainda
molhado do marido.
─
Precisamos de um bebê também!
Dessa
vez Sakura não pôde não gargalhar, junto de Ino enquanto Hinata tentava
recuperar a voz e o controle do corpo.
─
Naruto-kun! – Ela o repreendeu envergonhada, com um pequeno sorriso surgindo em
seu rosto. – Um bebê seria incrível.
─
Sentiu minha falta? – Alguém disse tampando os olhos de Ino. O coração dela
palpitou no peito, ao sentir o cheiro de bebê que emanava da pele dele, muito
perto da dela.
─
Hum… na verdade não. – Ino mentiu sorrindo, ao ver ele entrar em seu campo de
visão.
─
Como assim “não”? – Gaara perguntou perigosamente baixo. – Eu senti a sua!
─
É claro que senti. – Ela riu e se levantou. – Quando chegou?
─
Não vão comer conosco? – Naruto perguntou, notando a súbita mudança no
ambiente.
─
Ino-porquinha, sentada! Todo mundo comendo. Inclusive você, kazekage, ainda sou
uma médica grávida e muito perigosa!
Ninguém
ousou desobedece-la.
Alguns
minutos depois e Gaara, ia caminhando de mãos dadas com Ino. Não gostava nem um
pouco dos olhares que os homens direcionavam para a sua flor. Ciúmes relampejou duro em seu ego e ele não estava
acostumado à essa sensação desagradável.
─
Gaara, espera aí. – Pediu quando ele fez menção de deixá-la trabalhar. Inoichi não
gostava dos dois juntos na floricultura e Gaara não queria irritá-lo. ─ Podemos
conversar aqui dentro?
─
Fala. – Ele disse baixo, entrando na floricultura com ela. – E seu pai?
─
Deve estar na sala com os amigos ou sei lá. Não importa.
─
Você parece preocupada.
─
Eu estou. Eu tenho que te contar uma coisa. – Gaara não a interrompeu e ela
continuou temerosa. – Estou grávida. Eu realmente estou dessa vez.
O
silêncio que se seguiu congelou o âmago de Ino. Não havia uma emoção sequer no
rosto de Gaara, para que ela pudesse lê-la. Ele era bom escondendo suas
emoções. O melhor. Sua mente a
corrigiu.
Ele
teria gostado? Odiado? A deixaria agora? Xingaria? Repudiaria a criança? A faria
abortar? Ou ele seria tudo o que o pai dele não foi? Ela não tinha nenhuma
dessas respostas.
Continua…
Que
acharam? =D
No
próximo eu digo o que ele achou xD
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=3
Vejo
vocês em breve <3
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