Capítulo
08 – Impotência
Ino
sentou-se na cadeira do escritório de Sakura. A amiga disse que precisaria
verificar um paciente antes que pudessem conversar adequadamente, mas a
seriedade que viu no rosto dela deixou Ino quase enlouquecida de preocupação.
Sabia que não podia ser boa coisa, não com Sakura escolhendo tanto suas
palavras.
Mudou
de posição na cadeira algumas vezes antes que Sakura finalmente entrasse na
sala e se sentasse à sua frente. A amiga tinha uma pasta de cor escura e com a
logo de Konoha em mãos, o prontuário de seu pai.
Sakura
encarou a amiga por longos segundos, enrolando um pouco. Não queria dizer a
verdade. Apenas dessa vez desejou poder fazer mais do que realmente podia.
Desejou que pudesse salvar Inoichi de alguma forma, no entanto, nem mesmo
Tsunade dera esperanças à ele, que diria ela, uma simples kunoichi que ainda
estava aprendendo.
Ela
reparou a impaciência nos traços da amiga e engoliu em seco. Ino olhou-a por um
momento mais, seu coração deu uma batida dolorosa. Sabia o que estava por vir,
já havia enfrentado aquele tipo de olhar antes, na morte de seu sensei. Não
estava preparada ainda.
─
Então? – Ino perguntou com um longo suspiro.
Sakura
desviou os olhos verdes da amiga, abrindo a pasta o mais lentamente que podia.
Infelizmente não durou mais do que alguns segundos. Não queria dizer. Não tinha
escolha, no entanto.
─
Olhe, Ino. – Mostrou-lhe um dos prontuários. – Este foi o meu diagnóstico.
─
E? – Ino a questionou com apreensão. Sabia ler um diagnóstico, mas ao olhar, as
letras não faziam qualquer sentido. Provavelmente
é apenas a minha parte emotiva tomando de conta, pensou.
─
Estávamos certos. É câncer. Eu detectei no pulmão, estado avançado. Só isso já
o mataria. Desculpe, Ino. – Sakura pediu em seguida e olhou para a amiga com os
olhos cheios de lágrimas. Voltou a falar: – Ele… bem… ele tem alguns dias
ainda.
Dias. Kami-sama!
Era
um baque. Ino sentiu como se o ar fosse pesado demais para ser tragado. Era uma
ironia, seu pai não tinha mais um pulmão – talvez os dois – e ela não conseguia
respirar neste momento.
Sakura
pegou seu silêncio de forma equivocada e continuou:
─
Chamei Shizune, que é a especialista nesse tipo de doenças e ela confirmou não
só o meu diagnóstico, mas que poderia ser tratado. Ele não quis. Ele, Ino.
Ino
encostou-se na cadeira. Suspeitava que poderia escorregar para o chão a
qualquer momento. Ele não quis. A
sentença dita por Sakura era pesada, intragável. Por quê? A resposta não era dita em sua mente e ela sentiu raiva.
Mais do que por si, mas por seu pai. Por que, afinal, ele não se tratara se
sabia que estava doente?
─
Ele… sabia? Digo, a tempo de se curar? Ele sabia?
─
Sim.
Ino
mordeu o lábio, puxando o ar com força. Deixou que as lágrimas rolasse, incapaz
de mantê-las presas em seus olhos por mais tempo. A dor em seu peito era
tamanha que ela poderia quebrar como um item de vidro na estante.
Ela
não se importaria se realmente quebrasse.
─
Ino… eu… eu realmente sinto muito.
─
Desde quando? – Ela perguntou chorando. – Desde quando ele está doente?
─
Fazem dois anos.
Sua
mãe casara à dois anos.
─
Kami!
─
Ino, eu… o que eu faço?
─
Estou bem. – Ino murmurou a mentira e soou exatamente assim, mas ela não
importou-se. Fechou os olhos, soluçando por um momento, enquanto limpava o
rosto.
As
lágrimas ainda caiam, ainda mais torrenciais do que antes, mas sentia que podia
falar agora. Pelo menos conseguiria mais do que balbuciar, era suficiente.
─
Quem o diagnosticou antes?
─
Shizune.
─
Por que ela não me disse? – Ino perguntou abrindo os olhos e finalmente olhando
a amiga. – Por que não me avisaram?
─
Sigilo médico-paciente.
─
Ah. – Ino soltou uma risada histérica pequena e suspirou. – Eu esqueci dessa
merda.
─
Sinto tanto que você esteja sofrendo.
─
E como achou que eu estaria, Sakura? – Ino questionou-a séria. Sakura soltou um
suspiro entrecortado.
─
Realmente desejo que eu pudesse fazer mais. Realmente fazer algo efetivo. –
Sakura justificou-se. – Mas eu não posso. Tudo o que posso fazer é aliviar a
dor dele e talvez prolongar a estadia dele neste mundo. Talvez um mês, com
alguma sorte.
─
Não. – Ino discordou, sabendo que seu pai sofreria e pior, a odiaria por tal
egoísmo. No entanto, Sakura a olhou estranhando sua resposta. – Papai morreria
me odiando.
─
Oh.
─
Eu… eu posso vê-lo? Talvez levá-lo para casa?
─
Ele não duraria mais que horas, fora dos aparelhos. – Sakura respondeu-a
sorrindo tristemente. – Tsunade-sama também o avaliou. Achei que gostaria de
saber.
─
E o que ela disse? – Ino perguntou piscando e deixando que as duas grossas
lágrimas escorressem por seu rosto. – Alguma esperança?
─
Na verdade não. Ela achou incrível ele ter agüentado tanto tempo sem queixar-se
da dor. A maioria deles estaria chorando feito bebês recém-nascidos. Seu pai é
um homem forte, Ino. Realmente forte.
─
Ele é. – Ino murmurou com o rosto contraído e soluçou, antes de limpá-lo outra
vez. – É o homem mais forte que conheço. Acho… que piorei tudo, não foi?
─
Não é sua culpa. – Sakura disse rapidamente. – Nem do seu bebê. – Completou. –
Seu pai já estava doente, o estresse piorou tudo, é verdade. Mas ele não iria
ficar muito mais tempo livre da doença, Ino. Câncer é assim. Impiedoso, feroz.
─
Posso vê-lo?
─
Pode.
[…]
Haviam
se passado dois longos dias. Gaara mal conseguia agüentar toda a urgência de
Matsuri em resolver a própria situação, quanto mais Yuki. Queria explodi-los,
mas não podia. Infelizmente. Pensou
olhando Yuki entrar e sentar-se preguiçosamente à sua frente.
−
Interessante. – Yuki disse com deboche. Gaara o olhou com irritação. Odiava
interrupções e odiava que entrassem em sua sala sem permissão, ainda mais se
fosse um dos conselheiros e não Baki.
−
O que quer? – Perguntou direto.
−
Saber qual das duas vai desonrar. A menina de Konoha ou a nossa? – Gaara o
olhou sério dessa vez. Yuki levantou-se, o encarando como se pudesse lhe fazer
algum mal.
Gaara
instantaneamente pensou em Ino. Havia preocupação em seu âmago, mas ele não a
deixou transparecer. Apenas seus familiares, Baki e alguns amigos de Ino sabiam
do estado dela, então como Yuki saberia? Ele não poderia estar se referindo a
outra coisa.
−
Do que está falando, velho louco? – Gaara desdenhou fingindo desinteresse,
enquanto olhava o papel entre suas mãos. Embora ele não o visse realmente, via
apenas o rosto louro por quem se apaixonava, o rosto que o perseguia em sonhos,
que o impedia de cometer uma atrocidade, nesse momento, com o conselheiro.
−
Estou falando da criança bastarda que vocês dois geraram. Estou falando do
assédio que cometeu com relação à Matsuri. Quantas mais, seu depravado?
−
O pedófilo aqui é você, não eu. – Gaara disse friamente. – Esqueça isso.
−
Jamais! Toda a vila saberá que tipo de verme nos governa!
−
Verme? Dobre sua língua para se referir à um Sabaku, Yuki. Especialmente um que
está acima de você. – Gaara ameaçou levantando-se. O gesto fez com que Yuki
recuasse até quase sair do cômodo, ficando postado ao lado da porta.
Gaara
levantou uma sobrancelha, pensando rápido. Enquanto Yuki tivesse medo, ele
poderia ser controlado, mas o problema não era igual quando ele estava em
Konoha. Sabia que Yuki tinha planos e sabia que Ino estava em perigo – agora
que o maldito homem sabia da existência do bebê de ambos, mais ainda. Ele não
conseguiu fixar os pensamentos aí, eles o estavam enlouquecendo.
−
Eu sabia! Não era apenas uma fofoquinha de intervilas, era? A prostituta loura
está mesmo carregando um bastardinho, é?
Antes
que Gaara percebesse, sua areia já cobria parte do corpo do homem. O ruivo
fechou os olhos, obrigando-se a ficar calmo. Não podia matá-lo, havia prometido
que não machucaria nenhum conselheiro e até o momento cumpria sem grandes
problemas. Mesmo que isso ferisse seu orgulho, forçou a respiração a entrar
calmamente em seu organismo, deixando-o mais calmo. Queria estraçalhar aquele
monte de bosta ambulante, mas não podia.
−
Chame o meu filho assim novamente e eu juro que vou acabar com você e toda a
sua família.
Yukii
engoliu em seco, abrindo a porta. Ele olhou com ódio para o kazekage por longos
e intermináveis segundos, antes de retirar-se da sala, não sem antes dizer:
−
Não esqueça Matsuri ou eu o farei lembrar! Você está acabado!
O
velho fechou a porta com força atrás de si e Gaara massageou as próprias
têmporas. Deveria ter conseguido uma guarda para Ino, mas ela fora tão teimosa
quanto à isso, no início do namoro. Algo lhe dizia que seria ainda mais agora.
Tenho um argumento. Ele
pensou ainda de olhos fechados. Nosso bebê
pode ser motivo o suficiente. Mas ele sabia que talvez não fosse o bastante
para convencer à mulher. Desejou intensamente que fosse, mas sabia muito bem
que nem todos os desejos tornam-se realidade.
Desejou
também que ela estivesse aqui, ao seu lado e bem debaixo de sua capa, onde
poderia protegê-la de todo o mal. Mas, mais uma vez, ele sabia que nem todos os
desejos se realizavam e este, em especial, ele duvidava que fosse se realizar
um dia.
Gaara
abriu os olhos e apertou o botão do telefone que o interligava com a sala de
Temari. Ela não demoraria a atender o seu chamado. Ele entendia com certo
aborrecimento até, que a única pessoa que poderia ajudá-lo sem levantar
suspeitas ou querer paquerar sua mulher, seria de fato, sua irmã.
−
Algum problema? – Ela perguntou, entrando na sala com duas pastas e
depositando-as na mesa.
−
Tranque a porta.
Temari
não hesitou em fazer o que ele ordenara. Via no semblante de seu irmão caçula
que algo preocupante havia acontecido, mesmo que não desse para decifrar muito,
ela o conhecia por muitos anos para perceber os pequenos detalhes que escapavam
ao mais jovem.
−
Ino está grávida.
−
Pensei que já sabia disso. – Ela entornou com sarcasmo, girando os olhos
esverdeados. – E daí?
−
E daí que Yuki sabe.
Temari
abriu ligeiramente a boca, entendendo parte da preocupação de seu irmão. Yuki
era irmão da Danzou, de Konoha. E assim como o parente, compartilhava de um
caráter muito, muito duvidoso. A mesquinharia era, de longe, um de suas
“qualidades”, isso porque as boas, há muito ele havia perdido – isso se ele
algum dia as teve, de fato.
−
E agora? – A irmã o questionou quando ele não falou mais nada. Gaara estava
pensativo, não podia jogar sua irmã na cova dos leões, mesmo sabendo que ela
mesma se jogaria se eles deixassem.
−
Preciso que fique de olho em Ino por uns tempos.
−
Uns tempos? Nós dois sabemos que é só até você achar alguém mais qualificado.
−
Não que você não o seja, irmã. É que… bom, você sabe, pelo menos um de nós tem
que morrer de velhice.
−
Odeio quando você fala assim. – Temari disse-lhe cruzando os braços. – Qual o
nível do perigo?
−
Não tenho idéia ainda, mas leve o Nara com você. Tenho certeza de que ele não
iria gostar de deixá-la sozinha no perigo.
A
carranca de Temari respondia positivamente sua pergunta não proferida.
−
Posso fazer isso sozinha.
−
Vocês, mulheres, tem algum problema de complexo? – Gaara questionou
retoricamente. – Vai com o Nara ou não vai. É tudo ou nada.
−
Queria ver se eu não namorasse aquele preguiçoso, quem você ia mandar! – Temari
resmungou com raiva.
−
Provavelmente uma das kunoichis de Konoha. Contaria com a ajuda de Naruto,
claro. Não que isso não seja a minha próxima opção.
−
Gaara! Eu dou conta!
−
Eu sei que dá, mas a questão não é essa. Quero você em segurança também. Você,
Ino e o bebê são minhas prioridades.
−
Além de Suna. – Matsuri disse entrando no escritório. – Eu não recebi qualquer
convite, então vim ver se não precisavam de mim.
−
Te dei uma ordem, criatura. – Temari começou com rispidez. – Porque não está em
casa? Por que está bisbilhotando? O que vai ganhar com isso? É informante de
Yuki?
−
N-não! – Matsuri gaguejou tropeçando para fora do escritório e sumindo da
vista.
−
Boa tática. Mas a minha é melhor. – Gaara se gabou piscando para a irmã, antes
de suspirar. – Preciso que tome cuidado, irmã. Vou querer ser atualizado com
relatórios diários.
−
Certo. Vou manter um olho nela.
−
Mantenha os dois. Ino é muito danada. – Gaara deixou seus olhos em um ponto
qualquer na parece atrás de Temari e embora sua mente estivesse longe, na
lembrança dos cabelos macios contra o próprio peitoral e o cheiro de flores
impregnado no quarto, deixando-o quase louco de saudade, ele sentiu medo.
−
Sei que quer estar lá, irmão, mas vai dar certo. Mais cedo ou mais tarde. Cuide
do problema “Matsuri” antes de ir ou teremos problemas. Quer dizer, você terá.
Eu não tenho nada haver com isso.
−
Valeu mana, da próxima porque não diz logo que estou ferrado.
−
Tudo bem, você está ferrado.
Gaara
a fulminou de brincadeira. Minutos depois a irmã já tinha a documentação certa
para ir de volta ao lar – pois todos eles sabiam que ela já sentia-se em casa
quando pisava nos portões de Konoha –. O ruivo sentiu-se melancólico. Queria
estar indo também, mas suas obrigações em Suna precisavam ser fixadas antes que
ele retornasse para Ino e seu amor que o faziam sentir, finalmente, em casa.
Ele
sentiu um vento estranho entrar em seu escritório. Fez sentir-se ligeiramente
incomodado, um frio em sua coluna deu-lhe um péssimo pressentimento. Gaara não
gostou da forma que se sentiu e colocou a mão no telefone. Sabia que algo
estava errado, tinha plena certeza nisso.
Discou
os números e quando a telefonista perguntou-se se queria mesmo ligar para
Konoha, ele colocou o telefone no gancho. Não podia fazer isso, seria
colocá-los em risco. Queria estar lá para ela, sentia que algo ia muito mal.
Foi
com certa ferocidade que ele socou a ponta da mesa. Não conseguia pensar com
seus sentimentos borbulhando dessa forma. Não conseguia sequer sentir alguma
satisfação na dor que atingiu sua mão. Nada o deixava mais calmo e nada
poderia. A única que conseguiria estava a três dias dali e algumas milhas os
separariam para sempre, enquanto ele não pudesse oficializar o que tinham.
[…]
Ino
tomou uma água e foi ao banheiro. Não podia deixar eu seu pai a visse tão
descomposta. O machucaria mais e tudo o que desejava era o contrário. Não podia
deixá-lo decepcionado agora. Ele tinha apenas 5 dias. Cinco dias e estaria
praticamente sozinha no mundo.
Fechou
os olhos com força desejando que tudo isso fosse um grande e horrível pesadelo.
Desejando acordar em seu quarto de adolescente com seu pai fazendo uma
cosquinha em seu pé ou a chamando, livrando-a daquele torpor maligno. Desejou
ainda, que se fosse um genjutsu, que acabasse agora. Até mesmo murmurou “kai”
algumas vezes. Não conseguia acreditar. Não podia.
Inoichi
foi seu porto-seguro, sua base, seu pai e mãe, seu médico e instrutor. Ele era
o motivo pelo qual ela voltava para casa sem um arranhão. A única filha e
provavelmente o projeto de vida dele.
Quis
gritar. Não é justo! Pensou com
amargura. A impotência a estava deixando irracional. Então pensou em Gaara e em
como desejava que ele estivesse ao seu lado neste momento. Ele devia vir logo,
mas seria antes que seu pai… não conseguiu concluir o pensamento. A palavra
“morte” parecia demais para ela pensar.
Lavou
o rosto e forçou-se a parar de chorar. Precisava ir ver seu pai, precisava
apresentar um belo sorriso e então ele não morreria com pesar. Aceitou seu dever
altruísta como seu guia, enquanto andava a passos largos para o porta-papel e
pegou alguns guardanapos para secar o rosto e as mãos.
Não
se demorou muito mais. Olhou no espelho, tinha os olhos ligeiramente
avermelhados e o rosto parecia um pouco corado por causa do tanto que chorara,
mas era o melhor que conseguiria, então saiu do banheiro e foi ao quarto do pai
sem demora.
Bateu
na porta para avisar que entraria e abriu a porta sem demora. Sustentou um
sorriso pequeno em seu rosto enquanto entrava no quarto e fechava a porta
firmemente atrás de si.
─
Oi, papai.
─
Querida, pensei que não viria hoje.
─
Eu estava passando aqui perto e decidi vir. – Mentiu.
─
Nunca foi uma boa mentirosa, Ino. – Ino sorriu, sabendo que ele a havia pego no
pulo.
Andou
para a cama em passos calculados e sentou na beirada, segurando uma das mãos de
seu pai. Não queria deixar de sentir o toque macio dele nunca, Inoichi sempre
fora tão carinhoso, sempre compreendera até o seu menor e mais fútil desejo.
Jamais mostrou-se triste ou envergonhado dela. Ino tinha tanto orgulho dele,
queria se casar com alguém tão honrado quanto. Parece que eu achei um cara como você, papai. Ela pensou
silenciosamente.
─
Eu só não queria que ficasse triste.
─
Jamais, filha. Então… eles te disseram o tempo, imagino.
─
Sim. Quer que eu chame mamãe? Tenho certeza de que ela não negaria.
─
Eu… não sei. Eu gostaria de vê-la uma ultima vez, mas eu não sei. Será que ela
se importaria em visitar um moribundo?
─
Pai! – Ino o repreendeu, sentindo as lágrimas acumulando-se em seus olhos
novamente. – Eu…─ Ela desviou o olhar de seu pai e mirou o chão. Não queria
chorar na frente dele. – Eu amo o senhor. Falarei com ela ainda hoje.
Sentiu
um carinho leve em suas costas e praticamente caiu aos pedaços, chorando
descontroladamente. Não tinha o controle ali, não quando sabia que seu tempo
com seu pai era contado. Ele sempre fora tão forte…
─
Eu não sei o que fazer, pai. E agora? Por que não se tratou ein? – Ino
perguntou com tristeza. – Por que, papai?
─
Por que eu já havia atingido o meu objetivo, querida. Não ia adiantar nada.
─
Poderia adiantar. Se o senhor ao menos…
─
Eu já tive o meu tempo aqui, neste mundo. Ganhei você que é mais importante do
que tudo o que a vida poderia me dar.
─
Poderia ver o seu neto nascer.
─
E quanto a isso, eu sinto muito. Sempre estarei com você, não importa o que
haja. Se lembra? Sempre estarei com você.
─
Sim, pai. Nas estrelas, no ar e até mesmo no ambiente em que eu estiver, não é?
─
Exato. Mesmo que você esteja na Areia, eu estarei com você.
─
Pai! – Ino o abraçou com força. Inoichi demorou alguns segundos a corresponder,
mas o fez assim que pode. – Eu não quero que vá!
─
Mas eu não vou a lugar algum, filha! – Ela o olhou exasperada. Os grandes olhos
azuis o encaravam com raiva e impotência. Ele identificou facilmente os
sentimentos nas orbes expressivas. – Não em espírito.
─
Mas em corpo sim!
─
Vou continuar com você. Escute: não quero um enterro. Quero ser cremado.
Entende isso? Pode fazê-lo por mim?
─
Mas Chomaru e Shikaku irão querer se despedir.
─
Então faça uma cerimônia pequena. Nada de enterros tristes, quero algo leve,
entende?
─
Sim, papai.
─
Obrigado, filha.
Ino
não conseguiu responder. Sabia que a hora de dizer “Adeus” estava cada vez mais
próxima. A cada segundo que passava, ela estava mais e mais próxima. Não queria
dizer, não queria despedir-se. Não podia ainda. Era muito cedo. Não estava
preparada.
Por que algumas vidas
sempre acabam com o início de outras?
Continua!
Oh... hum… demorei.
Desculpa =X
Tive alguns problemas
com a beta, então este eu mesma que revisei e provavelmente tem alguns erros
e.e
Se você vir algum, por
favor, me diga.
Capítulo bastante
emocional, não é? A morte sempre é uma coisa difícil de falar, para mim. Ainda
não perdi meus pais, mas imagino que seja mais ou menos assim. Espero que
tenham gostado (e chorado, porque não é justo só eu chorar aqui u.ú)!
Beijinhos ^-^~
Que bom que retornou ta! Tava ansiosa por um capitulo novo! Volta a postar também no Niah!
ResponderExcluirBom, amei o capitulo, só fiquei confusa com o decorrer do capitulo, nessa parte: " O que está acontecendo com você? – Questionou com urgência. Sam continuava fugindo de suas perguntas invasivas, como se ele fosse outro completamente diferente. – Onde esteve, Sam? Eu tenho o direito de saber!
‒ Por aí.
Ela gritou com raiva, mas no segundo seguinte, ele já estava saindo pela porta da sala da casa de seus pais, Harry e Sue. Leah caiu sobre seus joelhos, chorando e lamentando que Samuel Uley fosse seu noivo, mas mais profundamente ainda, que o amasse tanto, ou já teria terminado essa tortura que estava seu noivado desde que ele voltara com 1001 segredos dos quais ela nem sequer fazia ideia.
Só sabia de uma coisa, supunha na realidade: Jared sabia. E o pior, seu pai também."
Tipo muito cinfuso mesmo, porque logo em seguida volta para o dialogo da que tava no inicio, e nesse texto fala do noivo da Leah! Não entendi...
Era uma lembrança por causa do que ela está vivendo com Grady ^^
ExcluirMuito obrigada por ler e comentar, vou voltar sim!
Beijinhos ^-^~