quinta-feira, 8 de agosto de 2013

[1T - One Year Later] Cap. 7 - Palavras Bem Escritas

Cap. 7 – Palavras Bem Escritas

Ainda abraçados, ele ouviu o ressonar dela. Era leve. Deitou-a direito e cobriu-a. Doía vê-la, naquela situação deplorável.
Ela, em nada parecia-se com a Leah forte que todos conheciam.
Ele estava se dando conta de que, a cada segundo que se passava, era como se ela fosse deixá-lo e ele não conseguia pensar nessa possibilidade.
Mas, acima disso, se dava conta de que ela, já não conseguia esconder-se em suas reservas.
E o maior medo dele era que aquela fragilidade se partisse ao meio, levando-a de si.
Sentou-se no chão, e ficou olhando o rosto, mais branco, dela.
Colocou a ponta dos dedos por sobre o rosto feminino e ela sorriu, satisfeita com a caricia.
– “Tão perfeita e tão dócil, Lee… mas tão carente! Não vou permitir que se perca! Minha estrela cadente e brilhante.”
Ele sorriu também, quando, ao recolher seu dedo quente e aconchegante, ela suspirou resignada e fez um bico.
Dando uma olhada a mais no quarto, achou um caderninho, no criado mudo. Ele tinha uma capa verde fluorescente e escrito em letras negar e em caixa alta: LEAH CLEARWATER
Puxou o elástico para trás e abriu-o. Encontrou uma foto, que em nada o agradou. Aonde deveria ser a prima, ela riscou fortemente.
Abriu-o às cegas e viu que, diferentemente de tudo o que já ouvira sobre diários, cada dia era nomeado com um titulo. A caligrafia bonita e caprichosa era escrita em dois tons de verdes.
Definitivamente, ela gostava de verde.
O titulo, num verde fluorescente e com glitter, enquanto o texto, em um verde escuro.
Sorriu ao ver uma foto dele e dela, quando tinham pouco mais que doze anos. Bom, ele, pelo menos. Ela devia beirar os quinze.
– Já era linda… - ele murmurou e mirou-a rapidamente. Como se ela pudesse escutar, sorriu brandamente.
Não era difícil dizer o porque de Sam ver-se tão arrependido de tê-la feito viver na abstinência, mesmo que não fosse por querer.
Leah era totalmente viciável. E agora, se tornara vital para sua sobrevivência.
Tornou a mirar o diário e pôs-se a ler, sabia que ela não gostaria, mas ficara tão curioso…
Hoje meu dia foi quase perfeito…
Se não fosse pelo chatolino do Jacob ele teria sido TUDO.
Eu e Sam tomamos um sorvete e rolou um BEIJO.
Meu coração parecia que ia pular da minha boca…
Ele mudou de pagina, nervosamente.
Chegou a uma pagina em particular, escrita em vários tons de rosa, numa letra muito caprichosa e rodeado de coraçõezinhos.
Não posso acreditar!
Estou, oficialmente, namorando com o AMOR DA MINHA VIDA!
Ele…
Novamente mudou de paginas, muitas vezes e o diário caiu ao chão, fazendo um estrondo.
Leah mexeu-se na cama e virou pro outro lado, voltando a ressonar.
Ele encontrou uma pagina escrita às pressas, marcada por lagrimas:
Hoje ele terminou tudo!
Como pode?
Com 5 segundos destruir dois anos de namoro e um de noivado!
E o pior, dói tanto amar sem ser amada!
Mudou mais uma vez, e encontrou uma pagina escrita em preto e pintada toda de vermelho. A foto de Emily com um grande ‘x’. Um texto escrito com caneta preta brilhante.
Hoje eu descobri que estou cercada de cobras.
Mamãe voltou a falar com Emily, assim como Seth e papai.
Meu pai parece ser o único que me entende e é o único com quem posso conversar, sinceramente.
A dor dilacera o meu interior.
E eu não sei o porque, mas parece que eles me escondem algo realmente grande!
Fechou o diário e chegou perto. Não era a primeira vez que ouvia um suspiro dela.
E reparou, não era um simples suspiro, mas lagrimas que caiam e deixavam-na com a respiração ofegante, entrecortada.
Encontrou os olhos tristes, opacos e sem vida, molhados. O rosto também não era nem a sombra do que já fora.
– Lee… quando acordou?
Ela não respondeu a pergunta, apenas sussurrou num tom quase tão baixo que ele fez um tremendo esforço pra escutar:
– Me abraça.
– Lee… - ele abraçou-a, aconchegando o corpo frágil e quase frio a ele. Tentando aquecê-la e passar segurança.
– Porque continua aqui? – ela continuou a sussurrar.
– Porque eu te adoro, quero que melhore. – ele sussurrou também, mas a voz dele soou incrivelmente confortadora e o timbre rouco, soou sexy.
– Porque eu tenho que me apaixonar? – ela perguntou contra a pele febril dele.
– Eu não sei. De verdade. – ele foi sincero.
– Porque eu sou uma idiota. – disse com rancor.
– Não, não é! Você é uma pessoa maravilhosa! Só tem que aprender a achar a pessoa certa, pra quem entregar esse coraçãozinho! – disse olhando-a nos olhos.
A respiração dela, era quente. E ela endireitou-se, olhando-o fundo nos olhos. Os cabelos lisos e despenteados, estavam desarrumados e caiam docilmente pelos ombros e consequentemente, caiam pelo blusão, que agora era folgado.
Ele segurou o rosto dela, sentindo os ossos, nas palmas. Ela fechou os olhos e sorriu com a carícia. Adorava o calor confortante que emanava dele.
– Você tem um calor gostoso, Jake. – ela confidenciou, ruborizando.
– Vamos comer alguma coisa? – perguntou depois de um tempo, fazendo carinho nas bochechas dela.
Leah já estava mais aquecida, com aquele abraço. E mais calma também.
– Vamos ficar mais um pouco… eu gosto do seu calor! – a respiração parou por um momento e depois voltou. Ela saiu dos braços dele rapidamente e parecendo terrivelmente amedrontada sussurrou:
– Eu não devia dizer isso! – as lagrimas a tomaram de novo. – Droga! – sentou num cantinho, escorregando pela parede, atordoada. – Eu não posso… isso não pode acontecer, não pode!
– Shiu… vem. – levantou-a e a abraçou – Você também me deixa confuso. – e sussurrando completou – Eu já volto com algo pra você comer!
E saiu, quando ela ficou calma.
Leah não viu, mas sorria como uma criança que ganha um doce.
– Jake… eu não posso querer você. Não posso me apaixonar! Embora… eu não posso controlar… - sentou a cama e sentiu a fragrância dele. O coração deu um salto só com essa certeza.

To be continued…

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