sábado, 19 de julho de 2014

[Utter] Capítulo 03 - Carnaval

E lá se foi mais quase um mês sem ver o bonitão. Faltavam dois dias para começar o carnaval, oficialmente. Era dia 26 de fevereiro e a gente de novo na praia de Calixto, só que hoje estávamos esperando o Gugu e o bonitão.
Passei um pouco de protetor nas pernas e vi minha prima acenando. O teatrinho do outro dia durou duas semanas, até ela e o Samuel reatarem. Sabia que esse lance de ter terminado para semprenão ia durar.
─ E aí pessoal! – Ouvi o Gugu nos cumprimentar e olhei para ele. Nada de aliança? Não acredito que ele fez mesmo aquilo!
─ É só para o carnaval. – O Gugu explicou sorrindo travesso, girei os olhos.
─ Devia ser sincero. Não sou fã de namoros por causa disso, chega o carnaval e vira essa putaria a torto e a direita.
─ Depois do carnaval vou inventar algo e voltar com ela. Meu pai faz questão da gente casado, mas não disse que eu não podia aprontar um pouco. E falando em aprontar… tá afim de dar uma saída qualquer dia?
─ Não, valeu. Não gosto de homem comprometido.
─ Mas eu vou estar solteiro!
─ Tá, não gosto de homem parcialmente comprometido. – Foi a vez dele girar os olhos e depois sorrir, junto comigo.
─ Beleza, finjo que acredito que a culpa não é do Leo.
─ O que o Leo tem haver com isso? – Mas o Gugu não respondeu. Alguém o chamou e ele desligou.
Pisquei.
─ Me chamou?
─ Chamei e você me ignorou. – Lince reclamou. Bufei. Não tinha sacado que me perdi nas lembranças recentes até agora.
─ O que era?
─ Me dá um cigarro?
─ Mas é o ultimo! – Reclamei. – Onde que o Bruno se meteu?
─ Ele já deve estar chegando.
─ Ou fazendo missão? – Ela subiu e desceu os ombros rapidamente e eu bufei. – Sério que meu irmão foi comprar baseado enquanto eu tenho que ficar fazendo cera para a namoradinha dele? Você devia dizer para ele não fazer isso, sabe?
─ Bruno não ia me escutar.
─ Você ao menos podia se impor, ou…
─ Ou o quê? – Ela me perguntou séria demais para a chapada da namorada do meu irmão.
Fiquei intrigada. Será que o Bruno já estava mais envolvido nisso do que a gente imagina? Senti um formigamento na espinha e me fiz concentrar em ir falar com a delícia que era o Leonardo naquela sunga azul.
Levantei fazendo um pouco de charme e caminhei lentamente para ele. Vi Leonardo me medir lentamente e ele respirou lentamente, minha pele arrepiou, mas eu tinha a desculpa do vento forte, então não liguei.
─ Hey.
─ Oi, princesa.
─ Vocês vão quando para Macanaimá?
─ Amanhã. – Respondi. – A gente vai com o Sam. – Sam estava atrasando todo mundo com aquele trabalho maldito. Vamos pegar o maior engarrafamento por causa dele.
─ Amanhã o trânsito vai estar uma loucura. – Leonardo me disse sorrindo e caramba, ele tem que sorrir com todos os trinta e dois dentes? Até parece que o sol tá nele todinho, só esperando para queimar você.
─ É. Mas a gente não vai de dois grupos. Todo ano vai todo mundo junto.
─ Pode vir comigo se quiser.
─ Não acho que posso querer, bonitão. – Pisquei e vi que ele tinha uma carteira de cigarros cheinha. Não queria fumar, mas podia pedir um só para ele me ceder alguma coisa com aquele cheiro característico dele. – Tem um cigarro?
─ Tenho sim. – Ele pegou o maço e eu peguei um dos cigarros. – Ficou desprevenida?
─ A namorada do meu irmão me fez dar o meu ultimo para ela.
─ E você não precisava fumar um agora. – Cristina reclamou e eu fingi que não ouvi. – Parecem umas chaminés!
─ Parecer com o quê?! – Exclamei irritada enquanto o Leonardo ria junto do Gugu. Lince também não curtiu, estava quase escrito na cara dela.
─ Voltei, pessoal! – O Bruno disse dando para a namorada um maço e com uma sacolinha na outra mão.
─ O que tem aí, Bruno? – Perguntei cautelosa. Ele andava estranho.
─ Nada demais, Pat. E nada que te interesse também. – Fiquei quieta depois dessa. Quando chegássemos em casa ele ia ver só!
[…]
─ Cuide-se filhinha! – Meu pai disse no telefone. Ele estava na Flórida com a secretária, e segundo ele, a trabalho. Eu sabia que eles deviam é estar se divertindo, mas caramba! A mulher tem mais ou menos a minha idade e meu pai fica de amorzinho com ela? Não podia ser uma mais velha não?
─ Eu vou.
─ Nada de sexo ein? Só depois de casar.
─ O senhor também. – Ouvi ele tossir. Até parece que me engana. Sou tão virgem quanto ele é fiel ao casamento. Não preciso mentir para meus pais nisso, eles sabem como sou.
─ Tome cuidado.
─ Pode deixar. Tenho que ir.
─ Tudo bem. Te vejo em algumas semanas.
Ou meses. Mas eu não disse isso. Só desliguei depois de nos despedirmos. Entrei no carro e, literalmente, apaguei.
[…]
“Eu não tenho carro, não tenho teto, mas se ficar comigo é porque gosta do meu…” – Lepo Lepo, Psirico.
Essas músicas de carnaval me dão nos nervos. Já não bastava ouvir os pega-ninguémda faculdade gritando isso quando passo no intervalo?
Bebi mais um gole da minha vodca e sorri para Leonardo. A gente estava entre dançar aquela musiquinha de dar nos nervos, se encarar e beber.
─ Cansei. – Disse de repente. É carnaval, ele tem que insistir hoje.
─ Mas já? – Sabia!
─ Pois é! Aqui tá calor demais! – Lhe disse abanando a blusinha branca transparente. Vi ele encarar meu colo por um tempo e não me preocupei em disfarçar. Hoje tem que dar!
─ Esse biquíni vermelho não ficou legal em você. – Senti a minha boca cair. Não, não, não! Será que ele é gay?
─ Han… queria que cor, Leo? – Olhei para o meu biquíni e não vi nada de errado. A cor destacava bem na blusa de praia branca transparente (daquelas cheias de furinhos) e combinava com o meu short branco com detalhes em lantejoulas vermelhas.
─ Não é a cor. – Olhei para ele de novo e vi que ele estava mais perto. Muito mais perto.
Distraí-me com a cor estranha dos olhos dele. Qualquer um diria que eram negros, mas eram só castanhos muito escuros. Os olhos mais lindos que eu já vi no homem mais charmoso que já conheci e mais difícil de beijar. Passou a noite investindo e saindo de perto, toda vez que eu avançava até que cansei de tentar roubar dele um beijo. Eu estava devendo pelo outro dia.
Senti as mãos dele na minha cintura, segurando muito firme. Ele acha que eu vou sair daqui? Como se quase montei nele enquanto a gente dançava coladinho? Ele umedeceu os lábios com a ponta da língua e aqueles olhos fixaram nos meus. Repeti seu gesto, molhando meus próprios lábios, mas não era suficiente.
Olhos nos olhos, as mãos dele segurando minha cintura enquanto sentia ele se aproximando lentamente e finalmente eu os senti de novo comigo. Aqueles lábios sobre os meus e o gosto de cafeína doce misturado ao álcool que bebemos estava presente por todo lugar, enquanto nossas línguas enroscavam e se conheciam um pouco mais.
Eu amo café.
Senti suas mãos traçando desenhos na pele por baixo da blusa, ainda na minha cintura e me afastei olhando para os lados.
─ Preciso ir ao banheiro. – Menti. Não queria ser pega pela Cris ou o Sam quase transando com ele no meio da praia mais badalada da região.
─ Banheiro?
─ Banheiro. Bebi demais. – Não era mentira, mas não queria mesmo ir ao banheiro.
Olhei ao redor. Não tinha visto muito Bruno ou Lince. As ligações estranhas dele voltando à minha mente. Em que será que ele está metido?
Quando a resposta pareceu querer vir, mas não vinha, na minha mente confusa pelo álcool, eu deixei para lá. Bruno era caso para o meu pai resolver, eu não ia ficar segurando as pontas de ninguém.
Vi ele e a namorada andando longe e decidi que era essa a escapatória que precisava para recobrar meus sentidos. O cheiro de menta com o perfume masculino dele estava me deixando arrepiada e tremula como uma garotinha de 15 anos virgem. Não sou essa garotinha a muito tempo.
─ Hey, Lince! – Acenei enquanto saía do domínio dele, mas ela não me escutou enquanto sentava no chão no o Bruno. – Lince!
─ Para quê tá chamando ela? – Olhei Leonardo e ele parecia absolutamente sexy com aquela sobrancelha levantada e a dúvida vincada na testa.
─ Preciso que ela segure a porta do banheiro. Você sabe, não vou encontrar nenhum que tranque a essa altura da noite.
─ Eu te levo.
─ Não precisa. Lince! – Voltei a gritar o nome dela, mas nem me escutou e eles nem estavam tão longe assim.
─ Vem. – Ele saiu me puxando e eu bufei. Estávamos quase na parte dos banheiros, perto de onde estacionamos o carro, quando senti ele me empurrar para um deles. – Quer ir mesmo para o banheiro?
Mordi o lábio. Não eu não quero, gostoso! Mas é claro que eu não ia dizer isso.
Tentei dizer que sim, mas a voz não saia. Ficou completamente travada e senti a boca dele na minha, chocando-se mais grosseiramente e algo nesse gesto parecia me deixar quente. Nunca fui do tipo que é nojenta, eu vou lá e faço o que quero, mas foi esse tipo de beijo quente, exigente que me fez perceber que eu já queria aquilo.
Circulei meus braços no pescoço, sentindo a mão dele na minha barriga e a outra no meu bumbum. Quando ele apalpou, tentei segurar o suspiro, mas foi mais difícil. Acabei ofegando e senti ele sorrindo no beijo.
Ele mordiscou meu lábio enquanto a mão que estava na minha barriga apertava a carne da cintura. Senti-me mais quente, enquanto ofegava, sentindo os lábios no meu pescoço.
Cara, porque não te conheci antes?
Ele desatou o meu biquíni e senti um aperto em ambos os seios, a umidade conhecida estava lá, no centro do meu corpo e mordi o lóbulo da orelha dele, sentindo-o responder com um som que não era nem gemido nem uma fala. Também não deixava de ser, algo como um arquejo.
Ele deixou um chupão e não me importei. O volume dele na minha barriga e senti a mão grande cobrir meu seio esquerdo. Dessa vez não consegui não gemer. A umidade me incomodando e a mão que estava na minha bunda foi para a minha coxa. A levantou e apalpou.
Mãozinha esperta!
Ele voltou a me beijar, chupando a minha língua enquanto a mão que estava num dos meus seios, foi para o outro e ele abria o meu short. Tentei parar, mas eu não queria. Eu queria ele, aqui, agora. E o queria tanto que doía e me fazia tremer enquanto um dedo grosso me violou.
Senti outro dedo entrar facilmente e não consegui parar meu quadril. Coloquei minhas duas pernas presas no quadril dele, ansiando pela explosão que viria. O volume dele estava lá, eu imprensada contra o carro. Não ia cair. Decidi brincar com ele também.
O soltei e ele acabou soltando a minha boca no processo. Estávamos ofegantes, ele queria mais, estava no olhar dele. Eu queria mais, e sabia que ele podia ver isso.
─ Não podemos. – Finalmente consegui dizer algo que preste.
─ Você tem…? – Ele deixou a pergunta no ar, esperançoso.
─ Não. – Ele sorriu investindo contra meu rosto, mas botei minha mão nos lábios dele. Ele deixou um beijinho, antes de prestar atenção em mim de novo. – Estamos no meio da rua. É carnaval, mas não dá.
─ Ah… certo.
Droga. Porque não podíamos ter mais um dia de carnaval? Assim estaria indo com ele para o quarto de hotel terminar o que começamos.
─ Ainda bem que te achei! – Ouvi a Cris e olhei pelo lado do Leo. Ele tirou a mão de dentro de mim e eu não sei se vi direito, mas em um momento parecia que ele tinha cheirado e chupado a mão e no outro ele estava arrumando a blusa e o amiguinho dentro da calça.
─ Ah, oi Chris. – Disse desanimada.
─ Vou procurar o Gugu. Te vejo por aí, princesa.
─ Espera! A gente podia jantar qualquer dia.
─ Boa. Te pego na segunda-feira, às 20:00hs?
─ Tá. Onde vamos?
─ Surpresa. – Ele piscou um olho e me deu um selinho, fechando meu short.
Fiquei lá, atordoada até sentir minha prima fechando meu biquíni.
─ Com esse vai dar rock. – Ela riu no meu ouvido e eu a empurrei rindo com eles.
─ Viu a Lince ou o Bruno?
─ Disseram que se encontram com a gente lá em casa. Vão aproveitar um pouco mais. – Samuel respondeu e me encarou por uns minutos. – Não deixe ele te usar que nem uma vadia, Pat.
─ Sam! – Eu e a Cris exclamamos. Não era surpresa que ele estivesse protetor, todo o tempo agia como se fosse meu irmão mais velho, depois que terminamos. Aquela velha história do “vamos ser amigos” funcionou para nós.
─ É sério. Ele parece um cara legal, mas você é como a irmãzinha que eu não tive. Cuidado com esses caras.
─ Não sou mais uma garotinha, Sam. – Ri da fase protetora dele e ele suspirou rindo.
─ Sei disso. – E ele sabia mesmo porque foi com ele que virei mulher e ele virou homem comigo. Éramos os primeiros da vida um do outro.
Entrei no carro no banco de trás e bebi um pouco da água que estava numa garrafinha dentro da bolsa térmica da Cris, tentando apagar um pouco do calor ainda estava no meu corpo.
Droga.

Continua

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